Empresas de logística implementam soluções para mitigar efeitos da seca e garantir fluxo de mercadorias
A Bacia do Rio Amazonas enfrenta uma seca histórica que afeta severamente o transporte fluvial e isola comunidades inteiras, com impactos que se refletem até no cenário logístico global. Segundo o Serviço Geológico do Brasil, em 30 de agosto, o Rio Solimões registrava -94 cm em Tabatinga (AM), batendo a mínima anterior de -86 cm de 2010. Em Manaus (AM), o Rio Negro estava 2,60 metros abaixo do normal, agravando a crise hídrica e dificultando a navegação.
Além de complicar o transporte de mercadorias essenciais na região, essas condições ameaçam as cadeias globais de suprimentos, afetando, por exemplo, a Zona Franca de Manaus. “A seca interrompe o fluxo de componentes importados, essenciais para a produção de eletroeletrônicos na região, o que compromete a competitividade dos produtos exportados”, afirma Eric Brenner, CEO da DHL Global Forwarding no Brasil. A interrupção no transporte fluvial cria disrupções na cadeia de suprimentos, com potenciais reflexos no mercado brasileiro e internacional.
Soluções logísticas para superar o desafio da seca
Em resposta, as empresas de logística estão implementando alternativas para garantir a continuidade do transporte de cargas. A DHL Global Forwarding, por exemplo, oferece o serviço Multimodal Express (MMEX), focado em embarques urgentes que chegam por portos asiáticos e pelo canal do Panamá. A operação inclui um transbordo em Miami, transferindo as cargas para o aeroporto de Manaus (AM), a fim de acelerar a entrega de mercadorias.
Outras soluções envolvem o uso de navios de menor calado, que conectam a região amazônica a rotas no Caribe, permitindo o transporte em águas com menor profundidade. Também são utilizadas balsas no porto de Vila do Conde (PA), que operam como feeders até Manaus. Essa estratégia assegura um fluxo constante de produtos, apesar das restrições impostas pela estiagem.
Adicionalmente, uma alternativa temporária em Itacoatiara possibilita o transbordo de contêineres de navios para balsas, evitando áreas com níveis críticos de água e contribuindo para manter a cadeia de abastecimento ativa.
Impacto logístico: Alta temporada de frete e desafios adicionais
A seca coincide com a alta temporada de frete, trazendo novos desafios ao setor logístico. O aumento no volume de embarques e o congestionamento portuário intensificam a pressão sobre as rotas aéreas e marítimas, o que pode resultar em atrasos no reabastecimento de estoques para varejistas.
Apesar das adversidades, Brenner permanece confiante: “Estamos confiantes na capacidade das empresas de logística em se adaptar e superar essa situação. Com soluções alternativas, como rotas diversificadas e transporte aéreo ágil, garantimos que as mercadorias cheguem aos destinos com eficiência, minimizando o impacto na cadeia de suprimentos.”
Com essas adaptações, a indústria logística busca não apenas superar os desafios imediatos, mas também manter o equilíbrio no abastecimento de bens essenciais para o mercado interno e externo.
A seca na Bacia do Rio Amazonas evidencia a importância de estratégias logísticas resilientes e inovadoras, especialmente em momentos críticos que testam a capacidade de adaptação das empresas do setor. As soluções implementadas pela DHL e outras empresas de logística não apenas mantêm o fluxo de mercadorias em uma situação adversa, mas também reforçam a importância de rotas alternativas e de uma rede global de transporte versátil. Esses esforços mitigam os efeitos da crise hídrica na cadeia de suprimentos, garantindo o abastecimento de produtos essenciais e preservando a competitividade da região no cenário internacional. Diante dos desafios atuais e de um cenário climático cada vez mais incerto, o setor de logística se fortalece como um pilar essencial para o comércio global, provando ser possível assegurar a continuidade dos negócios e o bem-estar das comunidades, mesmo em condições extremas.
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